domingo, 29 de maio de 2011

Os tempos que já se passaram

Hoje eu fiquei por uns minutos observando pela janela do meu quarto a paisagem lá fora, e comecei a recordar quantas coisas eu já vivi por ali, as festas em família nas tardes de domingo, as brincadeiras de muito tempo atrás, e mais um monte de coisas, e fiquei pensando que nunca esquecerei este lugar, os domingos silenciosos, a não ser pelo cantar dos pássaros e dos insetos, e vez ou outra um carro ou moto, o barulho do vento na copa das árvores e absolutamente nenhum movimento de pessoas, apenas as plantas se movendo com o vento, disso eu nunca esquecerei pois vivi muito tempo ali, lembro de quando minha casa era diferente e a entrada dela era mais ou menos onde hoje é a janela do meu quarto, e embora minha casa naquela época não fosse o que é hoje, eram tempos em que eu era de certa forma muito mais feliz que hoje, por que não precisava me preocupar com nada, só com "do que eu vou brincar hoje" e meus primos ou primas vinham de longe nos visitar e nós brincávamos a tarde toda, e quando o sol estava descendo e a lua subindo, quando o céu fica com um tom de vermelho, eu via meu pai chegando do trabalho, cansado e as vezes com algum presente que ele comprara para mim no caminho, eu corria até ele e via que estava cansado, mas mesmo assim ele me pegava, e me levava até em casa, pedindo como foi meu dia, e contando como foi o dele, sempre contornando o cansaço com um sorriso no rosto, logo minha mãe também chegava, preocupada pois ainda tinha que fazer a janta e arrumar a casa, para no outro dia voltar a trabalhar. Mas eu não via esse lado, eu só via o meu lado, que minha obrigação era levantar, assistir TV, inventar alguma coisa pra brincar, e a tarde ir pra escola, voltar e brincar até meus pais chegarem e eu ficar junto com eles até a hora de dormir, e depois tudo de novo. Eu era feliz, e de certa forma eles também eram. Depois minha avó morreu e meus pais, principalmente minha mãe sofreu muito com isso, mas eu ainda não entendia a morte, agente se mudou para a casa da minha avó, enquanto nossa nova casa estava sendo construída no mesmo lugar da antiga, e eu ainda lembro de ter chorado ao ver os pedreiros demolirem ela, eu achava que não ia ter onde morar mais rs.
Depois a construção começou e eu ia todo dia lá, ancioso para que ficasse pronto meu novo quarto, e acompanhava atentamente a cada passo da construção, com o tempo a casa cresceu e junto com ela eu, nos mudamos e tudo era bom, e ainda éramos felizes, daí em diante já tinha acabado uma parte de minha infância a parte em que eu não tinha preocupações, aquele antigo tempo nunca mais irá voltar, posso até fazer o mesmo cenário outra vez, mas os tempos de felicidade pura nunca voltarão e disso eu tenho certeza, por que minha avó, que na época morreu, não irá voltar, nem ela e nem outras pessoas que perdi até o dia de hoje.
Hoje posso dizer com toda a certeza que sou feliz, tenho uma casa que eu gosto muito, uma família muito boa, amigos fiéis, minha namorada que eu amo muito, muito, muito, e tenho praticamente tudo o que eu quero  ter, é claro que nem tudo o que eu quero eu posso ter e aceito isso, mas tenho mais da metade de tudo o que eu quero. Mas aqueles tempos nunca voltarão e isso me traz saudade, se eu pudesse, voltaria no tempo mesmo tendo que abandonar tudo o que tenho agora, mas só se fosse só pra viver 1 dia daquele tempo, se fosse pra viver tudo de novo eu não voltaria, só pra ter o gostinho daquela felicidade de novo. E sei que deste lugar nunca irei esquecer, até os fins dos meus dias, que espero que demore, por que assim como os homens de Beleriand sentiam inveja dos elfos por serem imortais, eu também sentiria, mas por esse sentimento de inveja, todos os homens morreram antes da hora, e por isso é o destino de todos os homens morrerem, para onde vamos não sei, só sei que vamos.
E gostaria muito se para onde fomos, fosse um lugar em que fôssemos felizes, a mesma felicidade que eu tinha antigamente. E só agora tenho plena certeza de uma coisa que tenho medo, eu tenho medo do destino, eu tenho muito medo dele, sendo ele bom ou ruim.

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