sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Texto do dia



Eis aqui um pedaço do meu próximo livro que estara pronto somente daqui a uns longos tempos, não tenho muito tempo para escrever.
                                                                                  O Intruso
[...] O ar está seco e áspero, almas caminham condenadas ao meu redor, procuro a saída mas o que acho são apenas grandes labaredas de fogo com um espectro azul em seu meio e que dançam cintilantes no ambiente quente, como gostaria de calar minha boca com um copo de água bem gelada agora.
As paredes se contorcem, será mesmo?Ou é apenas um delírio causado pelo calor?  Me sinto fraco, o sangue que escorre de minhas mãos não são capazes de saciar a minha sede. Tudo o que vejo são vestígios de um caminho não percorrido, diligências talvez? Creio que não, qual louco se prontificaria a vagar por entre este deserto de fogo?
Avisto uma porta, será ela a saída? Assim espero. Os vultos ao meu redor me chamam, a unica coisa que ouço é meu nome repetitivas vezes ao meu redor, como se alguém estivesse em meu encalço. Não sei a quanto tempo estou aqui vagando por entre essas florestas de chamas e este chão de brasas, o tempo por aqui é confuso, posso estar aqui a 3 semanas ou quem sabe a 2 meses ou apenas 5 dias. Uma leve tontura me abate, não consigo resistir, novamente eu caio e dessa vez, não sei se vou conseguir me levantar. Será que tudo acabará aqui? Será que irei deixar a todos que me amam e a quem eu amo? Como posso morrer se já estou morto? Será isso um sonho, um pesadelo? O calor é insuportável, creio que não seja surrealista, isso não é um sonho.
Pretendo chegar a porta mas minha visão está turva, a porta parece estar entreaberta mas o calor modifica a minha visão faz tudo se mover em ondas, aos poucos irei tentar chegar a porta. Com muita força agora eu levanto ainda sangrando da última vez que caí. A porta realmente está entreaberta e do outro lado apenas uma forte luz branca, que é capaz de cegar alguém que recentemente deixou a escuridão. A maçaneta da porta é áspera e esta muito quente, com as mão já calejadas eu a empurro com o último pingo de força que ainda me resta.
A porta se abre e eu caio novamente mas desta vez em uma escada que está logo a frente da porta, não sou capaz de ver o que tem no fim das escadas. A porta ainda está aberta e o calor que emana de lá ainda é muito forte, o sangue que escorre de meus ferimentos está quente como um vinho a pouco fervido.
Fico na escada por um tempo esperando ganhar mais força para enfrentar os degraus, que pelo visto, não são muitos, uns 12 talvez. Olho para trás, a porta ainda aberta, ouço agora gritos agonizantes e vultos cortantes, algumas almas aparecem as vezes de relance, chorando. Outras almas escapam vendo a porta aberta, mas são sorrateiras e ao mesmo tempo rápidas.
De repente um baque muito forte, como de um soco em um lugar oco. Ouço passos e uma vibrante gargalhada. Vejo apenas uma silhueta magra e vermelha. Algo está me puxando, minha perna está queimando olho para ela e vejo um rastro de fogo que sai da porta e que me puxa sem cessar. Luto contra isso, até que a porta se fecha e o rastro de fogo se espalha em faíscas que simplesmente caem, pois não há vento aqui.
Olho ao meu redor, agora estou com mais força, apesar da perna machucada consigo me levantar, a minha direita há apenas um imenso deserto e a minha esquerda um lindo e infinito oceano, separados apenas pela escada, onde eu estou. Minha sede é imensa e a água do oceano está linda, mesmo com um gosto não muito agradável, eu a bebo como se fosse a última vez que iria beber.
O calor sufocante agora havia passado e eu já estava melhor, resolvo subir os degraus da escada e ver o que me espera lá no alto. Até o 8º degrau eu subo sem esforço, mas depois começa a pesar minha perna, mesmo assim eu continuo.Eram 15 degraus e eu estou no topo.
Aqui em cima apenas um longo corredor coberto com um gramado exuberante. No fim do corredor a mais degraus, dessa vez muitos, talvez mais de 50. Há uma pequena casa a minha direita, no deserto, pelo menos poderei descansar um pouco. devagar eu me aproximo da porta, que é muito velha por sinal. Uma bela melodia de piano toma conta do espaço. Abro a porta e lá, sentado em um banco velho de madeira, tocando um ilustre piano branco e trajando um terno preto, está Ele.[...]
                                                                                            Guilherme G. Ribeiro
                                                                                                       24, de dezembro de 2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário